Pentax ME Super
Pois é, continuamos com uma Pentax, pois, em parte, foi esta câmara que me fez voltar ao filme.
Isto aconteceu em 2003, a minha sogra pediu-me para lhe pôr a funcionar esta câmara, que era do meu sogro.
Limpei-a, mudei-lhe os vedantes, coloquei-lhe uma pilha, um rolo e levei-a comigo, numa semana que fui passar na quinta da família do meu pai, a Quinta do Souto em Briteiros, Guimarães. Fotografei os nossos passeios, a minha mulher e os meus filhos nas suas actividades.
Quando recebi as fotos fiquei muito entusiasmado com os resultados:
Não era o tipo de imagens que estava a obter com o digital, nos já seis anos em que o vinha a usar.
Eu já fotografava em digital desde 1997, com uma Fuji DS7, depois uma DS300, MX700 (1998), MX2700 (1999), MX2900Z (2000) FX4900Z (2001), S602Z (2003), S9500 /2005), como trabalhava na Fujifilm Portugal, era-me fácil ir fazendo estes upgrades, e, verdade seja dita achava, como a maior parte das pessoas, que o filme já tinha dado o que tinha a dar.
Como podem perceber, pela cronologia de câmaras, a experiência com a Pentax ME Super, não me fez imediatamente abandonar o digital, mas deixou-me a pensar, porque é que não conseguia aqueles resultados com as digitais? E de vez em quando, voltava aquelas fotos e outras mais antigas e remoía no assunto.
Temos de ver, que todas estas câmaras era do tipo bridge, com sensores muito pequenos e objectivas zoom, com aberturas máximas limitadas.
Mas o digital era tão fácil, saía, tirava umas fotos, chegava a casa, metia o cartão no leitor do computador e voilà, fotos prontas. Mesmo assim continuava a imprimi-las.
Foi então que, no verão de 2008, o meu saudoso amigo Alberto “Berto” Pinto mostrou-me a sua mais recente aquisição, uma Nikon D40, era uma pessoa em quem confiava plenamente neste assunto, emprestou-ma por uns dias e, verdade seja dita, fiquei rendido e comprei uma para mim.
Parecia-me radioso o meu futuro, como fotógrafo digital, embora, havia ainda qualquer coisita a remoer, não era ainda bem aquilo.
Mas, todo entusiasmado com a minha nova câmara, quis saber tudo acerca dela e eis que me deparo com a página do Ken Rockwell, a critica dele à minha nova câmara não podia ser mais positiva, a câmara ideal para quem queria fazer boas fotos, sem ter de partir o mealheiro.
Achei piada ao projecto dele e comecei a ler outras coisas e, ó diabo, não é que ele me diz que isto das câmaras digitais é tudo muito fácil, muito giro, mas as belas fotos que ele nos apresentava dos desertos americanos, com casas e carros abandonados, com um colorido e um detalhe assombrosos, não eram feitas com câmaras digitais, mas sim com câmaras de filme, de preferência médio ou grande formato e a maioria delas em diapositivo Velvia.
Não está certo, agora que eu tinha uma DSLR e parecia tudo bem encaminhado, vem este tipo abrir-me os olhos e mostrar-me que o meu caminho era o filme.
Foi assim que dei um passo atrás, para começar a andar para a frente.
Lembrei-me que o meu pai tinha umas câmaras antigas, que achava enquadrarem-se nesses parâmetros e fui pedir-lhas emprestadas, claro que ele não mas emprestou, deu-mas. Uma Kodak Vest Pocket Autographic e uma Ica Minimum Palmos, a primeira usa filme 127 a outra chapas 9x12cm.
Tinha uma vez experimentado a ICA, numa sessão fotográfica com o meu amigo/mestre Luís Ferreira Alves, que tinha uma Linhof do mesmo formato. Isso e ver o Luís usar a sua Pentax 67 era a soma de toda experiência que tinha com filme maior que o 135, pelo que achei que a Vest Pocket era 120, fui comprar um rolo à, também já desaparecida, Sempre-ID e, quando cheguei a casa não cabia.
Lá fui investigar, descobri qual era o formato e consegui encomendar on-line uns rolos Efke R100.
Enquanto eles não chegavam peguei numa Canon P, que tinha herdado do meu sogro, meti-lhe um HP5 e lá fui eu experimentá-la, quando voltei, fui desencantar o meu antigo tanque Paterson, revelei o filme e fiquei muito satisfeito com os resultados, digitalizados no meu scanner da altura, um Epson Perfection 1660 Photo.
Quando chegaram os rolos 127, fui passar uns dias a Santiago de Compostela, usei a câmara e, fiquei parvo com os resultados, como é que uma câmara com perto cem anos e uma objectiva, com apenas um menisco e só duas velocidades podia ter aquele nível de desempenho?
Não podia ficar por ali, procurei no ebay, encontrei uma Zeiss Ikon Nettar, 120 6x6, adorei, seguiu-se uma Yashica mat-124, melhor ainda.
Não consegui parar, comecei a correr as feiras velharias, principalmente a da Vandoma, ainda nas Fontaínhas, aqui no Porto.
Inscrevi-me no Flickr, onde encontrei muito apoio entre os que sofriam do mesmo e o GAS, Gear Acquisition Syndrome (em inglês: Síndrome de Aquisição de Equipamento) instalou-se. E com razão, nessa altura as câmaras eram ao preço da chuva, cheguei a pagar mais de portes, do que pela câmara e muitas foram dadas por parentes e amigos.
As coisas foram andando e hoje já passa das novecentas. Embora tenha dado um rumo à colecção, centrei-me nas Nikon, câmaras alemãs e do ex-bloco de Leste, com uma forte secção Kodak, desfiz-me de muita coisa, que não se enquadrava nestes parâmetros, embora tenha uma secção dedicada a câmaras, que pela sua estética, excentricidade, raridade ou pormenores técnicos embora não sigam o enquadramento têm o seu lugar.
É sobre elas que vos irei falar em futuros artigos.
Até breve